Prioridade na industrialização

Data: 04/12/2015
Prioridade na industrialização

A Necessidade urgente da industrialização de África constitui o pano de fundo da Segunda Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo do Fórum de Cooperação Económica e Comercial Sino-África  (FOCAC) que decorre a partir de hoje, em Sandton, na África do Sul, juntando mais de 50 dignitários de países com relações diplomáticas com a China.

Para tomar parte no evento, o Presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi, encontra-se desde ontem na capital económica sul-africana, Joanesburgo, chefiando uma delegação que integra os Ministros dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Oldemiro Baloi, e da Indústria e Comércio, Ernesto Max Tonela, entre outros quadros do Estado.

O encontro, que vai decorrer sob fortes medidas de segurança, irá adoptar uma declaração de princípios políticos que vão nortear a cooperação Sino-África e respectivo plano de acção para o próximo triénio, o qual integra sectores como agricultura e segurança alimentar, desenvolvimento de infra-estruturas, recursos humanos e transferência de tecnologia.

A nível bilateral, o “lobby” de Moçambique será no sentido de influenciar a continuidade da assistência da China para os projectos já em curso e futuros e atracção de investimento privado chinês para os diversos sectores que directa ou indirectamente contribuem para o desenvolvimento económico e social do país.

É também interesse de Moçambique contribuir para a adopção de uma declaração e plano de acção que respondam aos anseios do continente e do país em particular, tendo em conta as suas prioridades de desenvolvimento.

No geral, fontes diplomáticas dos dois países consideram “bastante positiva” a cooperação entre Moçambique e China. A título ilustrativo, o investimento privado aprovado nos últimos cinco anos totaliza 88 projectos no valor de um bilião de dólares norte-americanos e com potencial para gerar perto de 14 mil postos de trabalho.

No que diz respeito às relações inter-Estados, Moçambique beneficiou, de 2007 a esta parte, de mais de três biliões e dólares em créditos concessionais e donativos, montante investido em diversas áreas, com destaque para o desenvolvimento de infra-estruturas.

Enquanto isso, as trocas comerciais entre ambos os países totalizaram, em 2014, mais de três biliões de dólares, dos quais Moçambique exportou um bilião e importou dois biliões da China. Desde o início deste ano, a China concede um tratamento especial a Moçambique, isentando em 97 por cento de impostos aos produtos moçambicanos exportados para aquele país asiático.

Entretanto, as grandes novidades desta cimeira são a integração no plano de acção, por um lado, de uma componente de desenvolvimento industrial, com a China a comprometer-se em trabalhar com os países africanos para a criação de manufactura e industrialização e, por outro da economia marinha para o aproveitamento dos recursos existentes neste sector.

Na quinta conferência ministerial, realizada em Julho de 2012, em Beijing, sob o lema “abrir uma nova perspectiva para uma nova estratégica China - África com base nos êxitos obtidos”, o Governo chinês anunciou a concessão de 20 biliões de dólares para o financiamento de infra-estruturas, agricultura e pequenas e médias empresas.

Refira-se que ainda ontem à tarde o Presidente moçambicano manteve um encontro com o seu homólogo chinês Xi Jimping, que se encontra na África do Sul desde princípios da semana. Neste tête-à-tête, Filipe Nyusi terá reafirmado a vontade de manter e fortalecer as relações de amizade e cooperação entre os dois países, as quais duram há mais de 40 anos.

O FOCAC foi criado há 15 anos e fazem parte dele todos os países africanos com relações diplomáticas com a China, sendo que desta vez foi aberta uma excepção para a participação de outros Estados. O mesmo será uma oportunidade para avaliar implementação dos compromissos assumidos no âmbito da interacção entre as partes.

O Continente Africano é um parceiro estratégico da China, tendo o comércio entre as partes totalizado, em 2014, 200 biliões de doares. China é receptora de 28 por cento das exportações de petróleo africanas.

Para além dos presidente do país anfitrião, Jacob Zuma, do estadista chinês, Xi Jimping, do angolano, José Eduardo dos Santos, e do zimabweano, Robert Mugabe, participarão no encontro de Sandton o Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, da Presidente da União Africana , Nkosazana Dlamine Zuma.