Promessas de investimento marcaram primeiro dia da COP 21 em Paris

Data: 01/12/2015
Promessas de investimento marcaram primeiro dia da COP 21 em Paris

Promessas de investimentos milionários para combater o aquecimento global marcaram esta segunda-feira, mais do que o alcance concreto dos discursos oficiais, o primeiro dia da conferência climática da ONU em Paris,

a capital francesa.
Moçambique, um dos países mais vulneráveis a eventos climáticos extremos, participa na conferência com uma delegação chefiada pelo Primeiro-ministro, Carlos Agostinho do Rosário.
Vinte países, entre eles os Estados Unidos, China, Brasil, Índia, Alemanha e Arábia Saudita, anunciaram que vão tentar duplicar o financiamento à investigação em energias limpas nos próximos cinco anos.
Líderes de instituições bilionárias como Bill Gates (Fundação Bill e Melinda Gates), Mark Zuckerberg (Facebook), Jeff Bezos (Amazon), Jack Ma (Alibaba) e Richard Branson (Virgin) vão completar este esforço com dinheiro do sector privado para a inovação, escreve o diário luso 'Público'.
Quatro países europeus – Alemanha, Noruega, Suécia e Suíça – irão disponibilizar 500 milhões de euros para ajudar países pobres a reduzirem emissões de CO2. E a Índia lançou uma aliança com 120 países, com a qual pretende juntar 400 milhões de dólares para acelerar o uso da energia solar.
Para quem conhece como funcionam as cimeiras climáticas da ONU, nada se espera verdadeiramente do primeiro dia das duas semanas que estes eventos duram. Mas Paris é diferente. Tal como em Copenhaga, Dinamarca, em 2009, numa conferência igualmente decisiva, está-se à beira de aprovar, finalmente, um novo acordo internacional para conter o aquecimento global, substituindo o Protocolo de Quioto, Japão.
E se Copenhaga falhou na sua missão, Paris tem hipóteses de chegar a um acordo. “Um momento político como este pode não voltar a existir. Nunca tivemos uma oportunidade tão grande”, disse Ban Ki-moon, Secretário-geral da ONU, no discurso da cerimónia de abertura.
François Hollande, o anfitrião da cimeira, apostou tudo no sucesso. E, além de pôr a sua potente máquina diplomática em campo durante o último ano, está a tentar evitar erros de Copenhaga. Preferiu que os líderes mundiais viessem no princípio da cimeira, e não no final, para dar impulso político às negociações.
E assim foi. Ao longo de toda esta segunda-feira, chefes de Estado e de Governo sucederam-se na tribuna em discursos que deveriam ser de três minutos. Eram cerca de 150 e até ao princípio da noite não tinham terminado ainda. Às 19h30 locais, falavam o vice-presidente da Guatemala e o vice-presidente do Burundi.
Entre apelos à urgência de se agir, muitos discursos marcaram o tom do que serão as próximas duas semanas em Paris. As divisões Norte-Sul, entre países pobres e ricos, mantêm-se.
O Presidente norte-americano, Barack Obama, admitiu a responsabilidade histórica que cabe ao seu país pelas alterações climáticas. “Aqui estou como Presidente da maior economia mundial, e o segundo maior emissor [de CO2], para dizer que não só os Estados Unidos reconhecem o seu papel na criação deste problema, como não enjeitamos a nossa responsabilidade em fazer algo a respeito”, afirmou.
Obama deixou clara a posição dos EUA. Falou de um acordo que fixe uma “estratégia de longo prazo” e que tenha um “forte sistema de transparência”, com mecanismos de verificação de tudo o que está agora a ser prometido. Numa frase, sintetizou a lógica adoptada, e que está a transformar a diplomacia climática: disse que as metas já não são definidas “para nós”, mas “por nós”. Ou seja, são os países que dizem o que vão fazer, e não a ONU.
Já o Presidente chinês, Xi Jinping, reafirmou que o seu país – o maior emissor mundial de CO2 – vai contribuir para a solução, mas reiterou várias vezes as diferenças de responsabilidade – e de contribuições – entre países ricos e pobres. A referência à convenção climática da ONU de 1992, no arranque do seu discurso, parece ter tido este objectivo, pois lá está o princípio das “responsabilidade comuns mas diferenciadas”.
PAÍSES RICOS DEVEM APOIAR OS MAIS POBRES
Moçambique, sendo um dos países mais vulneráveis a eventos climáticos extremos, é dos que estão mais interessados no alcance de um acordo em Paris, segundo escreve o jornal 'Notícias' de Maputo, citando Telma Manjate, do Ministério moçambicano da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural. 
As secas prolongadas ou quase persistentes como as que se registam por exemplo no norte da província de Gaza, no sul do País, ou as cheias que nesta estação chuvosa poderão assolar zonas do norte e centro do país, dão motivo mais do que suficiente para essa preocupação.
Para a COP 21, o país endossou contributos, que, fundamentalmente, visam acautelar questões relacionadas com perdas e danos decorrentes das alterações climáticas. 
Segundo Telma Manjate, que integra a delegação moçambicana ao evento, o país também deseja que sejam observadas questões relacionadas com a adopção e redução do risco e a mitigação dos efeitos adversos do clima.
“A mitigação é importante porque devemos exigir que países que estão neste momento a emitir grandes quantidades de gases de efeito de estufa adoptem medidas para que no futuro não se registe o aumento da média da temperatura em dois graus Célsius, porque sabemos que o acordo é para manter o aumento da temperatura abaixo disso. Queremos que haja uma ambição mais forte nesse aspecto”.
Na questão da redução do risco climático, Moçambique advoga a cooperação e a transferência de tecnologia para que o mundo abrace de uma vez por todas uma agenda de desenvolvimento sustentável. 
“Escrevemos que nós precisamos de apoio tanto para a adaptação e redução do risco como para aproveitarmos as oportunidades de mitigação que existem. Quando falo disso sabemos que temos, por exemplo, o gás natural no país. Necessitamos, no entanto, de apoio financeiro e tecnológico para utilizarmos esse gás natural em vários sectores, como o dos transportes, que é um dos que mais polui. As tecnologias estão caras para nós, por isso a assistência neste campo é imprescindível”, explicou a fonte.
Para Moçambique, os países mais desenvolvidos devem apoiar financeira e tecnologicamente os em vias de desenvolvimento para evitar “um desenvolvimento semelhante ao dos outros a seu tempo, que desenvolveram degradando o meio ambiente”, concluiu Telma Manjate.
(AIM)