Nyusi agastado manda fazer trabalho sério

Data: 18/09/2015
Nyusi agastado manda fazer trabalho sério

O PRESIDENTE Filipe Nyusi recomendou na tarde de ontem, em Maputo, ao Fundo de Promoção Desportiva (FPD) e ao Ministro da Juventude e Desportos, Alberto Nkutumula, para que a emblemática pista do Parque dos Continuadores volte a estar operacional para o desporto nacional.

O Chefe do Estado fez esta exortação depois da visita-relâmpago que efectou à infra-estrutura, cuja pista de tartan se encontra completamente degradada e sem mínimas condições para a prática do atletismo, uma modalidade que já trouxe para o país glórias de nível mundial com a exuberância da competição mundial da campeoníssima Lurdes Mutola.

O Presidente instruiu ao Ministro da Juventude e Desporto a fazer o levantamento do que é necessário para se voltar a ter a infra-estrutura operacional. O estadista verificou no terreno que nem tudo tinha a ver com a falta de dinheiro, como é o caso de limpeza ao recinto que não era feita há algum tempo.

Durante a visita que durou cerca de 30 minutos, o Presidente ficou agastado com o estado actual da infra-estratura que está sob gestão do Fundo de Promoção Desportiva (FDP), que, por sua vez, alocou a gestão a uma empresa privada, denominada Equipe, Lda.

Entretanto, o representante do FPD, Adão Bacar, disse ao Chefe do Estado que a empresa exploradora do espaço não tem honrado regularmente os seus compromissos, alegadamente porque o negócio não é viável.

Em reacção, o Presidente disse que “há quem arrendou espaço, mas não há lucro. Não se produz dinheiro e, acima de tudo, não se pratica o atletismo. O desporto tem prioridade neste espaço, mas estamos a ver a pista completamente degradada. Não há manutenção. A nossa maior preocupação é que não se pratica atletismo nesta pista que já produziu atletas de renome, como Lurdes Mutola e muitos outros”, desabafou o Presidente.

“Vocês são o Fundo de Promoção Desportiva. O que promovem mesmo? O desporto? Penso que estão a marginalizar o desporto. Se o património está sob gestão privada e não gera lucros, esse privado afinal o que está a gerir? Então vale a pena continuar nas mãos do Estado”, disse.

O Presidente da República ficou a saber que no local são promovidos espectáculos musicais, há um ginásio e uma casa de pasto, tudo explorado pela Equipa, Lda.

Quanto ao ginásio, cuja sala também foi visitada pelo estadista, a Federação Moçambicana de Atletismo disse ao Chefe do Estado que os seus exploradores cobram inclusive aos atletas caso necessitem dos seus serviços.

A situação deixou o Chefe do Estado ainda mais irritado, quando visitou a casa de pasto, local que, segundo ele, devia servir de repouso dos atletas e sessões de concentração, para além de reuniões de trabalho de pessoas do desporto.

“Qual é o destino do dinheiro do arrendamento destes espaços todos? O dinheiro que vocês (FPD) cobram para onde vai? Afinal o objectivo não era rentabilizar o desporto através do espaço arrendado? Vejo doutro lado prédios em construção, mas nada vejo relacionado com o desporto. A solução disto não é a rescisão do contrato, mas sim vermos a pista operacional”, disse o Chefe do Estado, visivelmente agastado com o que via, sobretudo com as justificações pouco ou nada consistentes apresentadas pelo represente do FPD.

Entretanto, no contacto directo com a imprensa, o estadista frisou que o Governo está comprometido com o desporto, e avisou que para o sucesso as infra-estruturas jogam um papel importante, por isso o Parque dos Continuadores deve voltar a operar em pleno.

“Estamos para servir o desporto, mas é preciso termos infra-estruturas para o seu desenvolvimento. Nos jogos escolares temos visto talento em demasia e que muitas vezes não tem continuidade por causa das infra-estruturas que são escassas. O atletismo é uma das modalidades fácies de gerir, porque mesmo na rua pode ser praticado, mas estamos preocupados com esta infra-estrutura. Não podemos marginalizá-las, passaram por aqui os nossos melhores atletas”, frisou, acrescentando que a gestão deste património é crítica, mas “estamos decididos em devolvê-lo ao desporto. A pista tem de estar operacional. Haverá uma intervenção directa do Ministério da Juventude e Desporto para a infra-estrutura voltar a funcionar como foi no passado”, concluiu.