Projecta-se construção da 2ª ponte sobre o Rovuma

Data: 09/10/2015
Projecta-se construção da 2ª ponte sobre o Rovuma

As trocas comerciais entre Moçambique e a Tanzania bem como o movimento dos cidadãos de ambos países poderão ser processados com maior fluidez num futuro não muito longínquo caso seja materializada a decisão tomada pelos Presidentes Filipe Nyusi e Jakaya Kikwete durante as conversações oficiais havidas ontem em Maputo entre as delegações encabeçadas pelos dois estadistas em torno da construção duma segunda ponte sobre o rio Rovuma.

Moçambique e a Tanzania estão ligados desde Maio de 2010 pela Ponte da Unidade, inaugurada pelo antigo Presidente da República, Armando Guebuza, e o actual Chefe de Estado tanzaniano.

A construção duma segunda ponte sobre o rio Rovuma, que estabelece a fronteira entre Moçambique e a Tanzania, é, segundo afirmou o Ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Oldemiro Balói, fundamental, pois enquanto não for edificada a travessia de cidadãos dos dois países continuará a ser processada com recurso a batelões em alguns pontos localizados daquele rio.

Segundo explicou, a infra-estrutura vai potenciar e incentivar as trocas comerciais entre ambos países, cujo volume é considerado baixo. Oldemiro Balói, que falava à imprensa no final do frente-a-frente entre Filipe Nyusi e Jakaya Kikwete e das conversações oficiais havidas entre as delegações dos dois Estados, acrescentou que a construção duma segunda ponte sobre o Rovuma irá igualmente potenciar as ligações rodoviárias na região, tendo em conta que um dos maiores sonhos dos líderes da União Africana é estabelecer um vínculo por estrada entre a Cidade do Cabo, na África do Sul, e Cairo, no Egipto, que poderá ser concretizado por via da projectada infra-estrutura.

Sobre as trocas comerciais entre os dois países, que foi um dos assuntos discutidos durante as conversações oficiais, o titular da pasta dos Negócios Estrangeiros e Cooperação disse que a decisão saída do encontro é de que os governos de Moçambique e da Tanzania devem apurar ao máximo o seu volume, porquanto desconhecido até hoje mas que se considera baixo.

Foram ainda analisados assuntos ligados à política e diplomacia, tendo sido evidenciada a existência duma concertação muito estreita entre os dois países, sobretudo no contexto da União Africana, Nações Unidas, Grupo dos 77 + a China e o Movimento dos Não-Alinhados. As delegações dos dois países abordaram ainda a cooperação a nível do Ensino Superior, Defesa e Segurança e Ambiente e Parques Transfronteiriços.

No Ensino Superior foi destacada a necessidade do estabelecimento duma cooperação mais estreita entre os institutos de relações internacionais dos dois países, que deverá incluir a troca de estudantes, para além dos que já estudam nas universidades públicas dos dois Estados.

No domínio da Defesa e Segurança foi abordada a questão da protecção costeira, nomeadamente a cooperação no domínio das fronteiras marítimas, onde se situam as reservas de hidrocarbonetos, como o gás e o petróleo. As duas partes destacaram a necessidade de haver uma cooperação estreita entre os ministérios da Defesa Nacional dos dois lados e entre os ministérios dos Recursos Minerais e Energia, especificamente através dos institutos do petróleo existentes nos dois países.

Ainda na área da Defesa e Segurança foi analisada a questão dos vistos. A Tanzania manifestou preocupação com relação à disparidade nos preços dos vistos de entrada para os dois países, sendo mais caros do lado moçambicano. A decisão tomada é que essa disparidade deve ser eliminada.

Foi colocada uma preocupação específica quanto aos vistos relativamente a estudantes. O que ficou assente é que os estudantes devem ficar isentos do pagamento de vistos, por representarem uma sobrecarga aos seus familiares.

No que diz respeito ao ambiente e parques transfronteiriços as duas delegações destacaram a necessidade duma gestão e coordenação conjunta relativamente ao ecossistema da Reserva do Niassa e dum parque tanzaniano situado na fronteira com Moçambique. Uma das consequências da ausência dessa coordenação conjunta é que os níveis de caça furtiva, principalmente dos elefantes, têm sido preocupantes, e do lado tanzaniano o efectivo de rinocerontes quase que desapareceu devido a esta prática.

Entretanto, ainda ontem o Presidente tanzaniano manteve um encontro de cortesia com a Presidente da Assembleia da República, Verónica Macamo, recebeu a chave da cidade de Maputo das mãos do presidente do Conselho Municipal, efectuou uma visita à Sede Nacional do Partido Frelimo e foi obsequiado com um banquete de Estado pelo seu homólogo moçambicano.

Hoje Jakaya Kikwete desloca-se à cidade de Pemba, onde vai se reunir com a comunidade tanzaniana residente em Moçambique e orientar um comício popular.

Refira-se que no dia 25 de Outubro corrente o povo tanzaniano vai às eleições para votar num novo Presidente. Jakaya Kikwete está a cumprir o seu segundo e último mandato como Chefe de Estado tanzaniano e escolheu Moçambique para se despedir do seu povo.